As crianças, os pais e os professores também estão a dar o seu melhor
Um lugar comum, sabemos que as crises arrastam perdas, mas também, promovem saltos qualitativos muito significativos.
Neste momento, nas condições em que vivemos, num stress permanente, estamos todos a dar o melhor de nós, e vemos que as crianças estão a colaborar. Elas já perceberam que os adultos estão preocupados. Elas percebem que aquilo que estamos a viver não é igual ao que sempre vivemos.
A escola, os pais e as crianças também estão a dar o seu melhor.
Mas o nosso melhor pode não se tão bom! É natural, é esperado. De repente as rotinas alteram-se, a escola e o trabalho estão em casa, e todas as outras responsabilidades. É verdade que os filhos exigem muito dos pais. É verdade que os pais também se esgotam. Os pais têm a sua capacidade no vermelho.
É importante aceitar que estamos a dar o nosso melhor, e que o nosso melhor não pode não ser tão bom e pode significar não alcançar os resultados que seriam obtidos se não houvesse Crise Covid19! Quer na nossa viva pessoal, profissional ou de estudante.
Uma das maiores fontes de stress é queremos ter os mesmos resultados, quando as condições, os meios e os instrumentos se alteraram. Não, não vamos ter os mesmos resultados e isso não significa ter piores. Significa que serão diferentes, muito diferentes, com perdas e ganhos, sendo que, acredito que serão mais os ganhos que as perdas, pois o ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar e de se superar.
Depois desta crise, a escola não voltará a ser a mesma. Os pais, os alunos e a escola vão construir uma escola nova. Uma escola muito melhor. Um escola onde todos têm um papel ativo, criativo e saudavelmente envolvido no processo de ensino aprendizagem. Um espaço comunitário de socialização e de interajuda. Acredito também numa escola mais verde, mais amiga do ambiente.
Nas circunstâncias atuais, não é grave alguns conteúdos ficarem para trás. Está a ocorrer um salto qualitativo enorme nas competências tecnológicas de professores, pais e alunos, o futuro dará testemunho disso. Este é apenas um registo de muitos outros ganhos, no meio, infelizmente, de algumas perdas.
E de repente as relações verticais, horizontalizaram-se. Virtualmente, os alunos entram na casa dos professores. Os professores entram na casa dos alunos. Os pais entram na casa dos professores e vice-versa. Falam da vida, sim das coisas do quotidiano! Partilham sentires, sabores e dissabores e a aprendizagem dá-se num contexto mais afetuoso e flexível, pois nem todos têm as mesmas condições de partida. Será que alguma vez as tiveram?
Parafraseando Eduardo Sá: "Precisam-se guardiões de bom senso". Bom senso!
As circunstâncias ensinam-nos que devemos preservar as relações em detrimento da realização de tarefas desmedidas. Quilos de tarefas! No cuidado, no afeto e no respeito pelo outro, abrimos as janelas e as portas no coração. Com o coração, com afeto, as aprendizagens humanas e académicas ganham corpo e crescem exponencialmente. Não me vou enganar se perguntar: e não devia ter sido sempre assim? Resposta: Pois devia!
O que importa pensar, é que esta crise dá-nos uma nova oportunidade de fazermos mais uma reviravolta, e muito significativa, nesta área. Sim, o ser humano que existe em cada um, é um tesouro sem preço, e todos, e cada um nós, têm um papel muito importante na construção de uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais verde.
Não será exagero meu dizer: a escola e a família são espaços onde devem morar os guardiões de bom senso. Locais tão especiais! Verdadeiras incubadoras! Locais onde o ser humano se constrói mais humano.
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