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Crianças dos 6 aos 12 anos - cuidar das emoções durante o isolamento social - sintomas e cuidados

O impacto de crises graves e globais, como esta que estamos a viver, é variável e está dependente da forma como o fenómeno em si se desenvolve e dos danos que poderá causar em termos físicos, psicológicos e sócio económicos.


Espera-se imediato impacto nas relações mais íntimas, as familiares. Estamos perante uma alteração grave e forçada das rotinas e hábitos das famílias que, naturalmente, pode criar uma crise familiar. Nesta condições, normalmente, as famílias readaptam-se e atuam em conformidade com as novas exigências.


A resposta prioritariamente recomendada foi, e é, o isolamento social. Sabe-se que o impacto psicológico desta estratégia, atualmente tão necessária, pode ser significativo e não deve ser desvalorizado.


Importante lembrar, que se por um lado, no momento que vivemos, é importante evitar reações emocionais despropositadas (excesso de preocupação, desvalorização exagerada ou negação de sinais emocionais), sabemos, por outro, que estas reações são quase inevitáveis.


As crianças tal como os adultos, apresentam alguns comportamentos e atitudes que poderão indiciar sofrimento emocional significativo, é por isso muito importante que a família esteja atenta a esses sinais e desenvolva comportamentos e atitudes que possam atenuar o sofrimento emocional.


Por exemplo, em crianças entre os 6 e os 12 anos podem surgir, entre outros, os seguintes comportamentos e atitudes:

  • Aumento da irritabilidade sem motivo aparente;

  • Maior propensão para refilar e evidenciar comportamentos de desafio;

  • Comportamento de maior dependência em relação aos pais/cuidadores;

  • Comportamentos mais agressivos com irmãos;

  • Problemas no sono – pesadelos, dificuldade em adormecer, comportamentos regressivos no adormecer – pedir a presença dos pais neste momento;

  • Alterações no apetite (de acordo com a tendência – maior ou menor);

  • Sintomas psicossomáticos (dor de cabeça, dor de estômago ou outras);

  • Perda de interesse por conteúdos escolares, dificuldade em reativar informações aprendidas na escola;

  • Competição pela atenção dos pais (mais discussão entre irmãos).

Comportamentos/atitudes da família que podem atenuar estes sintomas:

  • Mais paciência, tolerância e contenção face a comportamentos de desafio;

  • Manter contacto com amigos e família através da internet e de telefonemas;

  • Potenciar momentos de atividade física regular (momento diário, de preferência matinal);

  • Realizar atividades/exercícios/propostas escolares diárias – lúdicas e teóricas;

  • Participar em tarefas domésticas diárias e estruturadas;

  • Definir limites firmes embora de forma serena;

  • Discutir a atual pandemia e permitir questões sobre o que está a acontecer (incluir o que se está a fazer na família e na comunidade);

  • Encorajar a expressão de emoções através de brincadeiras e conversas;

  • Ajudar a família a criar ideias para melhorar os comportamentos de promoção da saúde física e psíquica;

  • Manter rotinas familiares possíveis com as adaptações necessárias;

  • Limitar o tempo de exposição a ecrãs e outros dispositivos eletrónicos;

  • Conversar sobre as notícias que se veem em família;

  • Se possível, encontrar uma rotina para os dias da semana com momentos distintos – trabalho escolar, tarefas domésticas, momentos de convívio em família e brincadeira livre; bem como rotinas para os fins de semana (maior comunicação com a família através do telefone/internet, participação em momentos comunitários online, atividades lúdico-culturais, ou outras)

  • Abordar qualquer estigma ou discriminação que ocorra e esclarecer informações incorretas.

Os pais, as figuras parentais de referência têm um importante e exigente papel de modelagem. A forma como gerem a atual crise influencia, de forma determinante, o estado emocional dos seus filhos. Cuidar das emoções das crianças é em primeiro lugar garantir o auto cuidado das figuras parentais.


Deixe o seu comentário e as suas dúvidas.


Psicóloga

Isabel Morais

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