Crianças dos 3 aos 5 anos - cuidar das emoções durante o isolamento social - sintomas e cuidados
O impacto de crises graves e globais, como esta que estamos a viver, é variável e está dependente da forma como o fenómeno em si se desenvolve e dos danos que poderá causar em temos físicos, psicológicos e sócio económicos.
Neste sentido, espera-se imediato impacto nas relações mais íntimas, as familiares. Estamos perante uma alteração forçada das rotinas e hábitos das famílias que, naturalmente, pode criar uma crise nas relações interpessoais. Nestas condições, normalmente, a maior parte as famílias readaptam-se e atuam em conformidade com as novas exigências.
Para enfrentar a pandemia, uma das respostas prioritariamente recomendadas foi, e é, o isolamento social. Sabe-se que o impacto psicológico desta estratégia, atualmente tão necessária, pode ser significativo e não deve ser desvalorizado.
Importante lembrar, que se por um lado, no momento que vivemos é importante evitar reações emocionais despropositadas (excesso de preocupação, desvalorização exagerada ou negação de sinais emocionais, por exemplo), sabemos, por outro, que estas reações são quase inevitáveis.
As crianças tal como os adultos, apresentam alguns comportamentos e atitudes que poderão indiciar sofrimento emocional significativo, é por isso muito importante que a família esteja atenta a esses sinais e desenvolva comportamentos e atitudes que possam atenuar o sofrimento emocional.
Por exemplo, em crianças entre os 3 e os 5 anos podem surgir alguns destes sinais:
Aumento das birras;
Chamada de atenção através de “choramingar”;
Medo de ficar sozinho (mesmo quando já não acontecia);
Necessidade de estar mais próximo – demonstração de necessidade de apego físico.
Dificuldades no discurso – mais hesitações, confusão na organização de ideias;
Dificuldade em adormecer, pesadelos;
Maior dependência em momentos onde a autonomia já estava adquirida;
Enurese ou encoprese (diurnas ou noturnas);
Alterações no apetite;
Indico algunas comportamentos e atitudes que podem atenuar estes sintomas:
Paciência, tolerância e maior capacidade para conter comportamentos e reações desajustadas;
Atuar através de comportamentos que transmitam segurança e confiança para a criança;
Promover e encorajar a expressão livre de conteúdos internos da criança através de brincadeiras, elaboração e encenação de histórias e teatros;
Assumir alguma flexibilidade na hora de deitar, não descurando uma rotina de sono e o respeito pelas necessidades de horas de sono da criança;
As atividades que antecedem a hora de dormir devem manter-se tranquilas, pouco estimulantes e contentoras;
Dentro das possibilidades, as famílias devem manter rotinas que incluam tarefas conjuntas, momentos de convívios e participação em contactos (não presenciais) com outros membros da família e amigos;
Deverá evitar-se a exposição a informação não adequada à idade da criança;
Os tempos de contacto com ecrãs e outros dispositivos eletrónicos devem ser supervisionados e controlados;
Nada será mais reconfortante do que o tempo passado em relação.
Lembro por fim, que várias podem ser as preocupações com o presente e com futuro, o que é natural, mas devemos enfrentar um problema de cada vez, o que temos hoje. As crianças entre o 3 e os 5 anos, sentem-se tanto mais seguras quanto mais as suas figuras parentais conseguirem separar tempo de atenção exclusiva, de brincadeira, afeto, toque e apego. Muitas vezes, comportamentos e atitudes disruptivos, nesta idade, indicam necessidade de colo seguro, de abraços e de palavras de encorajamento.
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Psicóloga
Isabel Morais